Em meio às areias do tempo e às ondas do destino, surge a história de Santa Sara Kali, a santa padroeira dos ciganos, cuja celebração em 24 de maio é um marco de fé e tradição. Sua vida é um tecido de lendas e milagres, entrelaçando o sagrado e o profano, o divino e o humano.
A Lenda de Uma Santa
Conta-se que Santa Sara era servente de uma das três Marias que acompanharam Jesus até o Gólgota. Sua pele escura, simbolizada pelo nome ‘Kali’, que significa ‘negra’ em hebraico, refletia a profundidade de sua alma e a riqueza de sua fé². Após a crucificação de Cristo, os cristãos enfrentaram perseguições implacáveis, e Santa Sara, junto a outras figuras bíblicas, foi posta em um barco sem remos ou velas, lançada ao capricho do mar Mediterrâneo.
O Milagre no Mar
Em meio à desolação, Santa Sara orou fervorosamente, prometendo uma vida de castidade e dedicação à evangelização se sobrevivesse. Seu barco à deriva, carregando também José de Arimatéia, um discípulo secreto de Jesus, encontrou refúgio nas costas da França, na cidade que hoje se chama Saintes-Maries-de-la-Mer. Este milagre no mar é celebrado todos os anos em 24 de maio, quando a estátua de Santa Sara é carregada até o mar, reconstituindo sua chegada milagrosa.
A Celebração de 24 de Maio
A celebração de Santa Sara Kali em 24 de maio é um evento de alegria e devoção. Ciganos de todo o mundo se reúnem em Saintes-Maries-de-la-Mer para honrar a santa que os acolheu e protegeu. A procissão até o mar é um espetáculo de cores, música e dança, um testemunho vivo da cultura cigana.
Santa Sara e José de Arimatéia
A relação entre Santa Sara e José de Arimatéia é tecida de fé e companheirismo. José, conhecido por ter providenciado o sepulcro para Jesus, encontrou em Santa Sara uma aliada na preservação do legado cristão. Juntos, eles simbolizam a resistência e a esperança de um povo perseguido, mas nunca vencido.
Santa Sara Kali é mais do que uma santa; ela é um farol de esperança para os ciganos e todos aqueles que buscam refúgio e proteção. Sua celebração em 24 de maio não é apenas um ato de fé, mas também uma afirmação da identidade cigana, rica em história e cheia de vida